REFLEXÃO Por Hugo de Figueiredo Moutinho
Lucas 10: “25 Um doutor da Lei se levantou e, querendo experimentar Jesus, perguntou: ‘Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna’?
26Jesus lhe disse: ‘Que está escrito na lei? Como lês?
27Ele respondeu: ‘Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento; e teu próximo como a ti mesmo’!
28Jesus lhe disse: ‘Respondeste corretamente. Faze isso e viverás’”.
Lucas não era um dos doze discípulos de Jesus Cristo. Muito provavelmente era um discípulo de Paulo, que o acompanhava em suas viagens. Entretanto, demonstrou ser um bom historiador, fazendo uma cuidadosa pesquisa dos fatos que ocorreram na vida de Jesus. Sua obra é marcada por muitas parábolas, pois eram através delas que Jesus ensinava o povo. Através dela nós entendemos a Palavra de Deus. Muitas das pessoas não acreditam no que está escrito nessas parábolas. Que os discípulos escreveram coisas que com o tempo foram alteradas. Mas isso não é verdade.
Deus vela pelo seu nome. As palavras constantes na Bíblia são as mesmas do passado. O seu significado é o mesmo. Eventuais divergências se devem ao fato de que quando foram escritas as Sagradas Escrituras, tal processo era feito de forma manual e as cópias muitas vezes significam que uma palavra não foi entendida, ou foi alterada por um sinônimo. Entretanto, muitos são os manuscritos que chegaram até nós, fato este que nos permite, através da “crítica textual”, traduzir os textos de forma a refletir a mensagem real contida no seu texto.
Antes que Jesus fosse crucificado ele afirmou que estava deixando o Espírito Consolador, que é o Espírito Santo. Através dele qualquer pessoa que buscasse intimidade com Deus conseguiria interpretar de forma correta os textos bíblicos. O Espírito Santo seria o veículo utilizado por Deus para poder fazer a sua obra, ou seja, levar a sua palavra de vida eterna, de paz e de amor. Entretanto, completando o trabalho do Espírito Santo, existe o Magistério da Igreja, uma vez que compete a ela discernir a correta interpretação das Sagradas Escrituras, mostrando como ela deve ser aplica com o passar do tempo, nas nossas vidas, uma vez que, por terem sido escritas a mais de mil anos, podem gerar confusão, além da existência de fatos que e situações que não existiam naquela época e que podem gerar divergências. Além disso, os bispos, padres e demais membros do clero da Igreja são as pessoas que dedicam a sua vida ao estudo e aplicação da Palavra de Deus. E para garantir a unidade da Igreja existe o Papa, cuja autoridade é incontestável e garante, com isso, que o que se ensina no Japão será ensinado no Brasil, bem como no resto do mundo. Afora isso, a Bíblia por si só pode levar a interpretações equivocadas, quer porque a pessoa que a lê não tenha um conhecimento histórico e cultural sobre quando ela foi escrita, o que retiraria as palavras de seu real contexto, quer porque não tenha um contato tão intimo com Deus capaz de revelar a ela o real significado de sua mensagem. A Igreja, detentora da Tradição viva dos Apóstolos, através de seus membros ordenados, é quem possui autoridade suficiente para oferecer ao povo de Deus os conhecimentos necessários que possam auxiliar os fiéis, a juntamente com o poder do Espírito Santo, interpretar de forma correta o significado das Sagradas Escrituras.
O texto de hoje nos levará a compreender um pouco mais sobre o amor.
O amor é o gostar desinteressado, é a caridade, é a compaixão. Através do amor nós conseguimos alcançar a Deus e a tudo que ele representa. Amar a Deus é colocar em primeiro lugar ele e depois pensar em nós. Por Deus ser amor puro e verdadeiro apenas através dele nós podemos viver. Não viver uma vida sem aflições, mas sim viver uma vida justa.
Não podemos pensar que por amar a Deus e que por estarmos sob sua proteção não teremos infelicidades, não teremos decepções, não teremos tristezas. Em Salmos 23 está escrito que: “O Senhor é o meu pastor; nada me falta”. O salmista aqui mostra a grandeza do Senhor colocando-se na posição de uma ovelha na qual o pastor é quem toma conta e é quem guia o caminho por onde ela deve ir. O bom pastor é aquele que não perde nenhuma ovelha, mas se alguma ficar para trás ele voltará para pegá-la. Ele não aceita perder nenhuma dela. Se ele tiver 100 ovelhas e uma se perder ele pará onde está e retorna para trazê-la novamente para junto do seu rebanho. Assim é Jesus. Ele é o bom pastor que veio resgatar as ovelhas perdidas. É desse modo que devemos vê-lo.
O salmista, então, continua e afirma que nada falta para ele. Ocorre que as pessoas ao lerem isso acreditam que só virão coisas boas para elas. Mas não é isso que o salmista quis dizer. Quando ele afirma que nada me falta ele quer dizer que não faltará comida, fome, felicidade, tristeza, alegria, decepção, doença, cura, etc... Mas apesar de ter tudo isso o Senhor ainda continua a guiar a sua vida. Nós também devemos permitir que isso aconteça.
Só que Deus, em sua infinita bondade, Ele não veio para ser um ditador, um tirano. Deste modo, ele não se impõe ao homem, mas sim Ele se revela através de sua Palavra e compete ao homem aceita-lo ou não. E isso Ele faz porque ama o homem, e por amar tanto ao homem ele dá o direito de escolha.
O homem não tem a obrigação de amar a Deus, mas sim amá-lo porque Ele o amou primeiro. E para amá-lo ele deve se entregar a Ele, pois só assim ele terá acesso a vida eterna.
Jesus disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (João, 14, 6).
Nessa frase está resumido todo o ministério de Jesus. Ele veio ao mundo para nos mostrar o caminho até Deus, e apenas através de suas palavras nós temos acesso a verdade, e se aceitamos isso e nos dedicamos a Ele nós receberemos a vida. Não essa vida passageira que é a deste mundo. Desde que nós chegamos aqui nós só temos caminhado para a morte. A cada dia que nós envelhecemos nós estamos morrendo. Mas se nós buscarmos o caminho, nós buscarmos o Senhor, nós viveremos para sempre em eterna alegria e felicidade. Pois em Apocalipse Ele afirma que nós iremos para um mundo sem dor, sem tristezas, nem decepções.
Agora como nós fazemos para obter isso? Amando a Deus. Mas não apenas isso, mas amando também o nosso próximo como a nós mesmos.
1 João 4: 20 Se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê. 21E este é o mandamento que dele recebemos: quem ama a Deus, ame também seu irmão”.
Não devemos fazer acepção de pessoas, devemos amar inclusive nossos inimigos. Pois se amarmos nossos amigos o que nos tornará melhor. Até os ímpios fazem isso. Amar é perdoar, é ter compaixão, é ter caridade.
Até Jesus, ao ser crucificado pediu perdão para aqueles que o estavam matando.
Lucas 23: “34Jesus dizia: ‘Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!’”.
Da mesma forma somos nós: não sabemos o que fazemos, mas se percebemos nosso erro e pedimos perdão nós seremos perdoados. Se o Senhor Deus pode perdoar, se ele muitas vezes não nos condena, como nós que não temos poder algum podemos condenar o nosso próximo? Nós devemos amá-lo. Pois só amando nosso irmão, poderemos amar a Deus.
Assim temos do Senhor esse mandamento: que quem ama a Deus, também ame a seu irmão.